25 de abril de 2012

Fuga

Já demasiado presa ao ruído dos seus passos, aprisiona-se no próprio corpo, mudo, esquivando-se à sombra que vem agarrada ao pó dos seus pés. Oculta-se no espaço, dando lugar ao vazio que lhe enche os sentidos, torpes pela azia que trás o exagero de nada.
Soam dúzias de cães raivosos e ela muda, faz-se de surda. Entrega-se à dança desses espectros manhosos que a prendem ao solo escaldante, enterrando-a nos buracos por eles abertos. Solta-se a pele e a carne, e assim desaparece, fustigada pelo entorpecimento de um qualquer caos efémero.

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